Web Residência

11/05 – 17/05

Gabriel Pessoto

A flor singela , 2020

A partir motivos e técnicas de composição provenientes de trabalhos manuais e decorativos, elegi um bordado em ponto-cruz para ser recriado enquanto vídeo. Assim como nas imagens digitais (pixel), as receitas de bordado são compostas por pequenos quadradinhos (pontos) em um grid. Em “a flor singela”, cada ponto do padrão é substituído por um pequeno vídeo, uma pequena imagem em movimento. 

Apesar de também ser um estudo formal, uma pesquisa sobre as estratégias de composição de imagens decorativas, culturalmente associadas aos fazeres femininos em espaço doméstico, penso nessa abordagem virtual enquanto uma tentativa de infiltrar narrativas apagadas/escondidas sobre sexualidade, intimidade e desejo. 

Gabriel Pessoto nasceu em 1993 em Jundiaí.  Estudou Produção Audiovisual (PUCRS) e iniciou o curso de Artes Visuais (UFRGS) em Porto Alegre, onde passou a mostrar trabalhos em exposições coletivas.  Foi contemplado pelo edital da prefeitura de Porto Alegre para ocupar Galeria Lunara, onde montou a instalação “Glória” (2015) em parceria com Filipe Rossato, indicada ao Prêmio Açorianos de Artes Visuais na categoria Destaque em Novas Mídias. Desenvolveu o projeto de residência artística “Variações sôbre contato: vistas” (2016), que envolvia correspondências audiovisuais, no espaço cultural Casa13 (Córdoba, Argentina). Em 2017, mudou-se para São Paulo onde frequentou o grupo de acompanhamento de projetos artísticos Hermes Artes Visuais, realizou sua primeira exposição individual na cidade, “um pouco por dia já é muito” (2018) na Casa da Luz, produziu edições da mostra de vídeos Festivau de C4nn3$ (2018-2019) e ingressou no programa de residência Temos Vagas! (2020) do Ateliê 397. 


_______________________________________________________________________________________________


04/05 – 10/05

Marcel Darienzo

YOUR LIFE DURING WW3: CONNECTED ISOLATION (“A Sua Vida Durante a 3GM: Isolamento Conectado”), 2020

YOUR LIFE DURING WW3: CONNECTED ISOLATION (“A Sua Vida Durante a 3GM: Isolamento Conectado”) é a terceira versão do trabalho homônimo que vem sendo apresentado desde 2017. Em sua versão para Instagram, o trabalho continua a construir a noção de simulação a partir de seu conteúdo esvaziado. Ideias de representação são colocadas em cheque, lado a lado as normas sociais que as evocam.

Marcel Darienzo é artista e designer digital, vive entre a União Européia e o Brasil. Graduado pela Goldsmiths College em Londres e pela FAAP em São Paulo, estudou artes visuais, teatro, dança, design digital e filosofia contemporanea entre os dois continentes.


______________________________________________________________________________

04/05 – 10/05

Luiza Beraldo

Foodido, 2020

Da janela de um apartamento em quarentena na Avenida Ipiranga, centro de São Paulo, se vê as mochilas coloridas dos aplicativos de entrega sendo carregadas nas costas de trabalhadores informais, que cruzam a avenida e servem à comodidade daqueles que estão em isolamento. A partir de imagens captadas durante a quarentena da artista e outras intervenções, será produzido um vídeo-ensaio sobre as 24 horas por dia mal remuneradas dos auto gerentes subordinados da perspectiva da janela como um camarote e da avenida como campo de batalha da pandemia. A montagem e a edição do vídeo buscarão invocar o neocolonialismo das empresas gringas que mais do que nunca se aproveitam da flexibilização das leis trabalhistas no Brasil e América Latina para lucrar em cima do desemprego e da falta de políticas públicas de proteção à saúde e estabilidade financeira dos trabalhadores em meio ao surto do COVID-19.

Luiza Beraldo, 22 anos, vive e trabalha em São Paulo e é estudante de artes visuais na Universidade de São Paulo. Em sua graduação, se interessa principalmente pelo encontro da área de escultura com as de fotografia e audiovisual, por meio de instalações multimídia, intervenções no espaço público, performances e criações de objetos. Atualmente pesquisa as realidades latinoamericanas e o pensamento decolonial.

______________________________________________________________________________

26/04 – 03/05

Marina Dalgalarrondo

RELAXE, 2020

A pesquisa aponta para a expressão facial involuntária. O corpo é atravessado por ondas invisíveis, informações aleatórias, acúmulo de imagens e rebate com uma linguagem não convencional. Tamanha é a falta de controle, que expressões faciais já não respondem aos estímulos provocados, elas sofrem atraso ou se embaralham, feito robótica mal programada.
No video “Relaxe” , inspirado em tutoriais de exercícios faciais, a música não é relaxante, o exercício não é funcional, a legenda propõe um movimento inconcebível de partes do corpo e não acompanha a imagem. Os gráficos são aleatórios e remetem à rastreamentos de singularidades físicas. Neste escancarar da desordem, o resultado são expressões inadequadas para determinados contextos. Àquilo que invoca a dor é ilustrado com um sorriso congelado no tempo.

Marina Dalgalarrondo é diretora criativa/estilista e explora diversas linguagens em intersecção com a moda. Formada em Indumentária
pela UFRJ, participa de onze cursos livres em Artes Visuais na EAV – Rio de Janeiro. Entre 2011-2019 assina figurinos para performances, vídeos e peças de teatro. É diretora criativa da marca ÃO, criada em 2017 em São Paulo com publicações em editoriais e matérias de uma série de revistas e outras plataformas. Atualmente integra o lineup oficial do São Paulo Fashion Week.

______________________________________________________________________________

06/04 - 20/04

Ilê Sartuzi

NIGHT AND DAY, 2020

Uma câmera desubstancializada percorre um trajeto dentro de um apartamento. Em seu lento e contínuo movimento, revela um espaço reconstituído através de fotogrametria – que gera uma reconstrução virtual do espaço real com eventuais falhas de leitura. Esse ponto de vista fantasmático observa um ambiente vazio, marcado por um sentimento de ausência, de um corpo que não está mais. No desenvolvimento do percurso, a câmera penetra um outro ambiente – idêntico ao anterior – mas envolto pela noite. Explora o mesmo espaço através do mesmo percurso estabelecido, escrutinando detalhes pouco relevantes, em um tempo dilatado de devaneio, quase mântrico.

O vídeo, portanto, reitera um mecanismo de repetição em loop pela continuidade desses dois espaços contíguos e idênticos. O cruzamento desses ambientes que esmiúça nada, aponta tão somente para uma atenção sem foco que, sucessivamente, retorna ao ponto de início e embaralha as diferenças de tempo em um mesmo espaço. Essa zona torna-se também um lugar mental encerrado em si mesmo, delimitado e infinito.

______________________________________________________________________________

30/03 – 05/04

Renata Har

em colaboração com Caio Haar

PASSEIO, 2020

O trabalho utiliza o formato de apresentação de mídias sociais, é uma tentativa de criar o que seria um trabalho de arte total – ex.ópera – condensado, e livre de narrativas lineares. Enaltecendo a fragmentação e o curto espasmo de atenção que se destina ao ecossistema virtual.

Explorando o drama e a perfeição da natureza e da existência naquilo e com aquilo que há de mais banal ao nosso redor. Já que estamos vivendo um momento em que o mundo está se dobrando diante de uma força invisível, propomos tornar visível as sensações e emoções que são igualmente invisíveis e ainda mais fortes.

Renatar Har vive e trabalha em São Paulo. Usando elementos que normalmente tendem ao mundano, seu trabalho reflete sobre a iminência da desaparição e a brutalidade da impermanência. Explorando o fino espaço entre aquilo que vemos e o que permanece despercebido, Har cria um ambiente de instabilidade latente que conta histórias sobre memória, identidade e invisibilidade. Suas últimas exposições individuais incluem “Like a Type of Wind”, galeria Gisèle Linder, Basiléia, Suíça (2020) e “Alabastro”, galeria Silvia Cintra+Box4, Rio de Janeiro, Brasil (2017). Seu trabalho foi nomeado para o prêmio Keskar (2011) e Cifo Prize (2018/19). A artista também integrou o coletivo AGORA em Berlim com quem performou entre outros no Museu Alimentarium, Vevey, Suíça (2018) e na Kunsthalle Osnabrücke, Alemanha (2017).

____________________________________________________________________________

23/03 – 29/03

Wisrah Villefort

SONY GELO, 2020

No último dia de sua participação no Programa de Web Residência do OLHÃO, o artista Wisrah Villefort apresenta SONY GELO, um vídeo-ensaio em torno dos processos de domesticação baseado num fórum online fictício. Música por Pablo Oria.

Wisrah Villefort vive e trabalha em São Paulo, SP. Sua pesquisa especula uma noção expandida de ecologia ao considerar o não-humano, os polímeros sintéticos, a matéria digital e seus mercados. Exposições recentes incluem Prosthetics Vol.2 (Belgrado, Sérvia), SUPERHOST, (Polignano, Itália) e 14ª Bienal de Curitiba (Curitiba, Brasil).


.